Elzita Santa Cruz Oliveira morreu na madrugada de terça-feira (25/06), aos 105 anos , sem resposta para uma pergunta: “Onde está meu filho?”. Desde 1974, quando o então estudante de Direito da UFF Fernando Santa Cruz foi preso por órgãos de repressão da ditadura militar, ela buscava notícias em cartas a ministros, apelos a generais e súplicas a presidentes.

“É justo, é humano, é cristão que um órgão de segurança encarcere, depois de sequestrar, um jovem que trabalhava e estudava, sem que à sua família seja dada qualquer informação sobre o seu paradeiro e as acusações que lhe são imputadas? Que direi ao meu neto quando jovem for e quando me indagar que fim levou o seu pai, se ele não tiver a felicidade de ver seu regresso? Direi que foi executado sem julgamento? Sem defesa? Às escondidas, por crime que não cometeu?”, escreveu ela em carta ao marechal Juarez Távora, em maio de 1974.

A espera por Fernando fez a mãe resistir a qualquer mudança: a casa e o número de telefone permaneceram os mesmos quatro décadas depois do desaparecimento. Também manteve o quarto do filho. Ela ainda aguardava um contato. Numa iniciativa de manter viva a sua luta, a família lançou, em 1984, o livro “Onde está meu filho?”, que relata a busca de Elzita por informações sobre Fernando.

A dor e a saudade se misturaram ao alívio quando a família recebeu a primeira confirmação oficial da prisão de Fernando Augusto Santa Cruz Oliveira, após 40 anos, em março de 2014. “20 de fevereiro de 1948. Casado. Citado por militantes presos como membro da Ação Popular Marxista-Leninista (APML)”, dizia o ofício RPB 655/A2-Comcos do Ministério da Aeronáutica, classificado como secreto. Ele tinha 26 anos.

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(O Globo, 25/06/2019)